Jorge Luiz Voloski e Sofia Alves Cândido da Silva

 

O INTERESSE EUROPEU EM FINS DA IDADE MÉDIA EM RELAÇÃO AO ORIENTE: O CASO DE ODORICO DE PORDENONE E RUY GONZÁLEZ DE CLAVIJO


Introdução

Os deslocamentos são parte do cotidiano da humanidade, uma vez que, como aponta Jaime Pisnky [2013], a completa disseminação do homem moderno, conhecido como Homo sapiens sapiens, no planeta, se inicia aproximadamente há 1 milhão de anos atrás. Isto ocorre a partir da movimentação dos Homo erectus, pois estes saem da África centro-oriental e viajam em direção a Ásia e Europa. O autor apresenta alguns pontos que colaboraram para o início dessa “grande aventura humana”, como por exemplo, “uma organização social que garantia uma estabilidade econômica e um domínio tecnológico que o deixava seguro de suas possibilidades” [PINSKY, 2013, p. 22]. Em contra partida, podemos observar uma problemática no momento em que adentramos nas questões que envolvem as motivações que levaram esses hominídeos a rumarem à terras tão longínquas.

Em contraste com os estudos dos deslocamentos desses primeiros hominídeos, as viagens realizadas ao longo do medievo possuem as suas razões mais conhecidas, já que muitos viajantes deixaram escritos sobre seus deslocamentos. Ao analisarmos essas fontes, de acordo com Maria Serena Mazzi [2018], podemos olhar uma outra Idade Média, diferente daquela “estática”, pois existiam as pessoas que atravessavam os limites naturais e políticos, circulando por diferentes caminhos. Com isso, os objetivos eram igualmente diversos, por exemplo, comercializar, diplomacia, evangelizar, estudar, batalhar. Por essa razão, o grupo de itinerantes é variado, sendo composto por monges, estudantes, professores, reis, nobres, cavaleiros e mercadores [MAZZI, 2018].

Destacamos que o homem medieval não viajava por ócio, com a finalidade do prazer. Há sempre uma meta concreta, impulsionado por uma ânsia espiritual, por uma necessidade económica, ou exigências próprias do trabalho [MAZZI, 2018, p. 13-19]. Já Paulo Lopes discute que as viagens ao longo da Idade Média transcendiam a simples motivação das preocupações e necessidades profanas, embora isto apareça em todos os viajantes. Dessa forma, ocorre uma mescla nos objetivos e, por fim, uma subordinação aos objetivos de ordem espiritual e religiosa, “fazendo com que o caminhante encarasse os itinerários como uma demanda do sagrado e a possibilidade de assim se ver perdoados os seus pecados e de salvar a alma” [LOPES, 2006, p. 49]. Isso vai ao encontro dos dizeres de Jean Chevalier, que defende a existência de um “riquíssimo simbolismo da viagem”, que seria, em suma, a busca da paz, da verdade e da imortalidade, no descobrimento de um centro espiritual [CHEVALIER, 1986, p. 1066].

Independente se majoritariamente de ordem profana ou religiosa, fato é que os deslocamentos ao Oriente, como apontado por Pablo Castro Hernandez [2013], não são delimitados unicamente às peregrinações ou às cruzadas, em especial no período posterior ao século XIII. Uma vez que, é nesse momento que se inicia um aumento no interesse por aquelas terras, tanto no sentido diplomático, como comercial e político [HERNANDEZ, 2013].

Entretanto, é importante destacar, assim como coloca J. R. S. Phillips [1994], a existência de dois Oriente para o europeu medieval: de um lado, o Oriente Próximo, transformado em destino familiar de muitos viajantes, como os peregrinos, comerciantes e militares aventureiros, sobretudo antes de acabado o século XI; já por outro lado há o Extremo Oriente, pouco conhecido, local de mistério e lendas, com um aumento de interesse a partir do século XIII, devido a expansão mongol [PHILLIPS, 1994].

Nesta direção, a partir da discussão anterior, podemos observar que a viagem medieval se configura, principalmente, em uma ambiguidade conceitual. Isto ocorre porque, na medida em que oscila entre o caráter espiritual, há também o movimento de maneira existencial até uma ordem eterna. Além disso, existe a particularidade temporal, seja com os objetivos políticos, diplomáticos, econômicos, religiosos, os quais permitem estabelecer contatos e relações diversas entres diferentes lugares [HERNANDEZ, 2013].

Sendo assim, a partir da ideia de homo viator, defendida por José Ángel García de Cortazar [1994], percebemos o homem medieval como aquele que segue um caminho, podendo ser tanto físico, de um lugar a outro, quanto simbólico, na busca da perfeição, ou até mesmo imaginária [GARCÍA DE CORTÁZAR, 1994]. Juntamente com a análise das relações ocidentais e orientais, temos a pretensão de observar algumas motivações que levaram os indivíduos a empreenderem viagens ao Oriente. Para tal observação, partiremos dos livros produzidos por Odorico de Pordenone, intitulado Relatório, e Ruy González de Clavijo, denominado Embaixada a Tamerlão.

Para atingirmos nosso objetivo, no primeiro momento analisaremos a relação entre o Ocidente e o Oriente, visto que tal fator influi diretamente nas motivações e nos objetivos dos deslocamentos. Posteriormente, utilizaremos como pedra de toque duas obras, produzidas em períodos diferentes e que tinham como destino localidades distintas.

 

A relação entre o Oriente e o Ocidente no século XIV e no início do século XV

Segundo Phillips [1994], a Europa Ocidental no período clássico teve contato com o Oriente. Para exemplificar, o autor nos demostra o caso dos romanos, os quais vendiam mercadorias no sudeste asiático e na China. Entretanto, com o fim do Império Romano do Ocidente, no século V, e o aumento na insegurança nos deslocamentos, as viagens vão se tornando mais escassas, o comércio, por exemplo, passa por uma mudança, o que faz com que ele seja realizado, sobretudo, entre locais próximos.

Nesta direção, de acordo com Joaquín M. Córdoba Zoilo, entre os séculos VIII e XI o contato promovido entre o Ocidente e o Oriente Próximo seria realizado somente por peregrinos, de diferentes confissões; alguns comerciantes; aos que se seguem os guerreiros; e os missionários [ZOILO, 2007, p. 79-84].

Contudo, a partir do século XII ocorre uma expansão nas viagens, no sentido de que há um aumento em sua quantidade e distâncias, resultado do fortalecimento das estruturas políticas, religiosas e comerciais. Segundo Hernandez [2013], não podemos perder de vista que com o fim das grandes invasões no século X e a existência de uma ordem política mais estável, o mercado europeu cresce, fato que estimula o contato com o Oriente Próximo.

O homem medieval passa a sentir uma maior atração pelo Oriente, sem embargo, isso não quer dizer que no século XII já se conhecia por completo as terras orientais. Ao contrário, como discutido por Angeles Cardona de Gilbert, o mundo conhecido pelos europeus no século XIII não era maior do que o conhecido pelos gregos no século I. Assim, para a autora nem mesmo as cruzadas resultaram em um aumento significativo do conhecimento geográfico [CARDONA DE GIBERT, 1971, p. 14-15]. Exemplo disso é o fato de que somente após o século XIII a Europa passa a ter informações exatas sobre o Extremo Oriente, com o surgimento de noticias dos ataques Tártaros, entre 1235 e 1259, nas crônicas de Mateus de Paris [GONÇALVES, 2011, p. 79-82].

Os primeiros contatos oficiais entre esses Tártaros - também chamados de Mongóis - e os europeus foram realizados, em especial, por missionários. Claude Kappler os divide em duas gerações diferentes: a primeira, composta por João du Plan del Carpini [1245], Nicolás Ascelín [1246], Simón de santi-Quentin [1247], Guilherme de Rubruc [1253]. Já a segunda, é formada por João de Montecorvino [1289], Odorico de Pordenone [1314], Jordão de Séverac [1320], Pascal de Victoria [1338] e, Giovanni di Marignoli [1342] [KAPPLER, 1986, p. 51-52].

Para Marcia Regina Busanello [2012], o movimento missionário pode ser relacionado à informação de que os mongóis, ao conquistarem territórios, não submetiam os diferentes povos à sua religião. Por este motivo, acreditava-se que “evangelizá-los” poderia ser uma alternativa, caso não fosse possível vencê-los. Dessa forma, em um primeiro momento há a tentativa de converter os líderes mongóis e de estabelecer alianças políticas e militares, em especial, para combater um inimigo em comum, os muçulmanos.

Conforme já comentado, havia também as viagens promovidas por mercadores, sendo possível inferir, de acordo com Jean-Pierre Drége [200], a não objeção dos mongóis para com os comerciantes, fato exemplificado no deslocamento de Marco Polo. Além disso, Drége pontua que toda a agitação ocorrida desde meados do século XIII por mercadores e missionários, que havia aproximado a Europa e a Ásia nas rotas das caravanas, começa a cessar um século mais tarde por diversos motivos, entre eles o autor destaca a peste, que assolou a Europa em 1348 e o enfraquecimento do poder mongol na Pérsia, bem como em toda a China [DRÉGE, 2000].

Sobre a desagregação do Império Mongol observa-se principalmente dois fatores: a divisão do território imperial entre os herdeiros de Gengis Khan e a morte de seu neto, Kublai Khan. Os resultados imediatos conectam-se com a reorganização e com a volta dos povos turcos no domínio de diversas regiões, antes ocupadas pelos mongóis. Já na Cristandade, as consequências circundam, em especial, na volta das ameaças em suas fronteiras orientais, como ocorre, por exemplo, na derrota do rei Sigismundo da Hungria em 1396, liderada por Bajazeto I, imperador dos otomanos [JACKSON, 2005, p. 237].

Em paralelo aos acontecimentos relacionados aos turcos, ocorre a ascensão de Tamerlão à liderança mongol e, com isso, este líder realiza diversas conquistas territoriais e une os povos mongóis entorno de sua autoridade. A partir das informações recebidas do Oriente, a respeito desses dois Imperadores, a cristandade observa em Tamerlão uma possibilidade de aliança contra os Turcos. Dessa forma, novamente há a tentativa de estabelecer certa relação com os mongóis.

Desse modo, de acordo com o que foi exposto anteriormente, a relação entre o Ocidente e o Oriente no século XIV e no começo do século XV relaciona-se em maior intensidade com as viagens de cunho missionário, político, diplomático e comercial. Destacamos que os embates militares entre ocidentais e orientais, bem como as peregrinações não deixaram de existir. Contudo, nas décadas finais da Idade Média, percebemos uma maior movimentação ocasionada pelos motivos citados anteriormente.

A partir desse panorama geral podemos iniciar a análise de duas fontes, Relatório e Embaixada a Tamerlão, no intuito de compreendermos as razões que permeavam o interesse europeu “pelo” Oriente. 

 

As viagens de Odorico de Pordenone e Ruy González de Clavijo

O primeiro personagem que pretendemos observar as motivações de viajar em direção ao Oriente é Odorico de Pordenone, sobre o qual existem basicamente apenas duas fontes diretas, as quais referenciam acerca de sua vida. A primeira, que terá o nosso enfoque, de nome Relatório, foi escrita por Frei Guilherme de Solagna e ditada pelo franciscano em 1330; a segunda é a obra Vita fratis Odorico de Utino, escrita por Bernardo de Bessa, após a morte do viajante.

Devido a escassez de fontes, são poucos os elementos conhecidos sobre a vida de Odorico, entretanto, Susani Silveira Lemos França as resume, ao colocar que foi um missionário franciscano que rumou à Ásia, onde permaneceu até 1330. Em terras orientais, viveu a maior parte do período na capital do Império Tártaro, localizado em Khanbaliq, atual Pequim [FRANÇA, 2015, p. 206].

Sobre a viagem de Odorico a Ásia, Eugenia Popeanga defende que o franciscano teve a permanência de 12 anos, sendo que o ano de sua partida de Pádua foi 1318. Os objetivos da viagem, para a autora, poderiam ser tanto missionários, quanto com o propósito de inspeção e reconhecimento das missões que os frades menores possuíam no Catai [POPEANGA, 1992, p. 49].

Já segundo Vladimir Acosta, por não conhecermos as razões nem os motivos que levaram o franciscano ao Oriente, podemos supor, devido o constante fluxo de frades ao Oriente, que o franciscano possuía a pretensão de contribuir na atividade missionária que estava sendo desenvolvida desde século anterior por João de Montecornivo [ACOSTA, 1992].

O objetivo de evangelizar não é de concordância unânime entre os pesquisadores, visto que, no começo de sua obra Odorico justifica sua viagem da seguinte maneira:

"Embora se narrem muitas e variadas coisas sobre os costumes e as condições deste mundo, deve-se contudo saber que eu, Frei Odorico de Friuli, querendo fazer uma viagem e ir até as regiões dos infiéis para lucrar alguns frutos de almas, ouvi e vi muitas coisas grandes e maravilhosas que verdadeiramente posso narrar” [ODORICO, 2005, p. 283].

O anseio de “Lucrar alguns frutos de almas” foi o que fez o frade viajar até a região dos infiéis. Entretanto, há outra peculiaridade na obra de Odorico, que se relaciona com a transferência dos ossos de alguns frades que foram tornados mártires para outra região:

 “Então, sabendo de seu glorioso martírio, eu, Frei Odorico, fui para lá e recebi os seus corpos que já haviam sido sepultados, porque Deus opera muitos e grandes milagres por meio de seus santos, e quis operá-los sobretudo por estes” [ODORICO, 2005, p. 297].

 O franciscano, em seguida, narra alguns milagres ocorridos com ele, por meio dos ossos. O caráter religioso da viagem é reforçado em outros momentos, como por exemplo, na facilidade da expulsão de demônios por parte dos frades menores na grande Tartária e a descrição da reverência que o Grão Cã faz ao sinal da cruz [ODORICO, 2005, p. 333-336].

Com um caráter menos religioso, há a viagem realizada por Ruy González de Clavijo, na qual podemos observar, a partir do contexto e das páginas iniciais da obra do autor, denominada Embaixada a Tamerlão, que o empreendimento tem como disparador o interesse de Enrique III [1390-1406], rei de Castela e Leão, em estabelecer uma conexão diplomática com Tamerlão [1386-1405], imperador mongol. No intuito de atingir este objetivo, o soberano castelhano envia duas embaixadas em direção ao líder mongol.

De acordo com Ruy González de Clavijo [2003], a primeira embaixada era composta por Payo Gomez de Sotomayor e Hernan Sanches de Palazuelos, e deveria obter informações a respeito dos acontecimentos no Oriente. Com isso, os dois cavaleiros presenciam a Batalha de Ankara em 1402, entre Bajazeto e Tamerlão, da qual o líder mongol sai vitorioso. Após a vitória, os enviados castelhanos se aproximam e estabelecem um diálogo com Tamerlão, no qual o convidam para regressar à Castela com eles. Contudo, segundo Martin Stančík [2017], Tamerlão recusa a oferta, pois deveria retornar aos seus domínios para descansar e reorganizar as suas tropas.

Seguindo os costumes medievais, Tamerlão [1386-1405] ordena que sejam enviados presentes, uma carta e um embaixador, denominado Mohamad Alcagi, para regressarem com os cavaleiros a Castela. No momento em que esses três homens chegam aos domínios de Enrique III, informam ao soberano a respeito da batalha que haviam presenciado e sobre a maneira que o líder mongol os tratou.

Com isso, Enrique III [1390-1406] organiza uma segunda embaixada, formada por Ruy González de Clavijo, Frade Alonso Páez de Santa María e Goméz de Salazar, no intuito de contatar Tamerlão [1336-1405], para que eles pudessem organizar uma aliança diplomática, contra os Turcos, pois conforme comentado anteriormente, este grupo ameaçava constantemente as parcelas territoriais cristãs à Oriente.

A partir dessa segunda viagem, iniciada em 1403 e finalizada em 1406, foi produzido o livro Embaixada a Tamerlão [1406], de autoria de Ruy González de Clavijo. Tal obra descreve o percurso da segunda embaixada organizada por Enrique III e possui a intenção de informar o soberano castelhano a respeito dos acontecimentos à Oriente, além de registrar o percurso e os percalços pelos quais os representantes castelhanos passaram.

Dessa forma, a partir da obra, podemos observar que o interesse de Enrique III em estabelecer uma via de contato com Tamerlão [1386-1405] está no campo da diplomacia e da política. Tal fato se deve, a já mencionada, ameaça turca ao Ocidente. Uma vez que, durante o período de expansão turca, conforme explorado por Peter Jackson [2005], este povo mulçumano, enfrentou e venceu diversos exércitos que representavam a cristandade. Sendo assim, diversos territórios e cidades, que antes eram cristãos, foram dominados pelos turcos.

O medo do Ocidente em relação aos turcos existe porque caso eles conseguissem vencer os reinos cristãos orientais, eles poderiam invadir os reinos cristãos ocidentais. Uma vez que, os reinos orientais eram uma espécie de “barreira” entre o Oriente e o Ocidente. Portanto, Enrique III observava em Tamerlão uma possibilidade de um aliado forte, pois ele já havia vencido o exército turco em Ankara, em 1402.

Contudo, após a morte de Tamerlão em 1405 e a consequente desestruturação de seu Império, Maomé II, líder turco-otomano, conseguiu conquistar Constantinopla em 1453, data que, para alguns historiadores, marca o fim do medievo europeu.

“O Império do Oriente, a princípio auxiliado, posteriormente conquistado e por fim abandonado, deixou por completo de ser um estado cristão. Os lugares santos protegidos pelos cristãos ocidentais durante algum tempo, passaram irrevogavelmente para a órbita do Islão” [MATTHEW, 1996, p. 19].

Sendo assim, ao analisarmos as duas fontes medievais, de Odorico de Pordenone e Ruy González de Clavijo, percebemos que na Idade Média ocorrem, simultaneamente, viagens ao Oriente que são motivadas por diferentes interesses e finalidades. Destacamos que mesmo com a oscilação na frequência dos deslocamentos, o homem medieval não parou de movimentar-se e as terras orientais permaneceram no medievo como um destino cobiçado e interessante, tanto aos que viajavam, quanto para os que liam os relatos desses viajantes.

 

Referências

Jorge Luiz Voloski é mestrando no Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Estadual de Maringá [UEM] e membro do Laboratório de Estudos Medievais [LEM]

Sofia Alves Cândido da Silva é graduanda do quarto ano do curso de História na Universidade Estadual de Maringá [UEM] e membro do Laboratório de Estudos Medievais [LEM].

 

ACOSTA, V. Viajeros y maravillas. Tomo III. Caracas: Monte Avila LatinoAmericana, 1992.

BUSANELLO, M. R. O Maravilhoso no Relato de Marco Polo. Dissertação [Mestrado em Letras] – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.

CARDONA DE GIBERT, A. Historiadores de Indias: antillas y tierra firme.Barcelona: Editorial Bruguera, 1971

CHEVALIER, J.  Diccionario de los símbolos. Barcelona: Editorial Herder, 1986.

GONZÁLEZ DE CLAVIJO, R. Embajada a Tamorlán. Buenos Aires: Editorial del Cardo, 2003.

DRÉGE, Jean-Pierre. Marco Polo y la ruta de la seda. Barcelona: Ediciones B, 2000.

FRANÇA, S. S. L. Mulheres dos outros: os viajantes cristãos nas terras a oriente [séculos XIII-XV]. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

GARCÍA DE CORTÁZAR, J. Á. El Hombre Medieval como “Homo Viator”: Peregrinos y viajeros. IV Semana de Estudios Medievales. Instituto de Estudios Riojanos, Lograño, 1994, p.11-30.

GONÇALVES, R. A. O despertar dos mendicantes para os outros mundos [séculos XIII e XIV]. Dissertação [Mestrado em historia], Programa de Pós-Graduaçao em História da Faculdade Ciências Humanas Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”,  2011.

HERNÁNDEZ, P. C. La idea del viaje en la Edad Media. Una aproximación al espíritu del viajero y la búsqueda de nuevos mundos. Revista Historias del Orbis Terrarum. Santiago, 2013, p. 64-87.

JACKSON, P. The Mongols and The West: 1221 -1410. Routledge, 2005.

KAPPLER, C. Monstruos, demonios y maravillas a fines de la Edad Media. Madrid: Ediciones Akal, 1986.

LOPES, P. Os livros de viagens medievais. Instituto de Estudos Medievais/FCSH-UNL, 2006.

MAZZI, M. S. Los viajeros medievales. España: Machado libros, 2018.

MATTHEW, D. A Europa medieval: raízes da cultura moderna.  Madrid: Del Prado, 1996.

POPEANGA, E. El relato de viajes de Odorico de Pordenone. Revista de Filología Románica 9, 1992, p. 37-61.

PORDENONE, O. Relatório In: PIAN DEL CARPIN, Jean de [et al.]. Crónicas de viagens: franciscanos no Extremo Oriente antes de Marco Polo [1245-1330]. Porto Alegre/ Bragança Paulista: EDIPUCRS/EDUSF; 2005, p. 267-336.

PHILLIPS, J. R. S. La expansión medieval de Europa. México: Fondo de Cultura Económica, 1994.

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STANČÍK, M. Diplomatic relations of Timur Lenk with European curts. Bratislava, 2017.

ZOILO, J. M. C. La atracción por el Oriente. In: NOVOA PORTELA, F.; RUIZ DE TOLEDO, F. Javier Villalba. Viajes y viajeros em la Europa Medieval. Lunwerg Editores y CSIC, 2007, p. 77-100.  

4 comentários:

  1. Olá, Jorge e Sofia!

    Texto bem legal que ajuda a quebrar alguns estereótipos sobre a Idade Média. É comum tomarmos uma característica, que pode até ser majoritária como, no caso, a falta de movimentação das pessoas, e a atribuirmos a todos os indivíduos daquele período. O artigo demonstra que existiam aqueles que viajavam, as motivações eram múltiplas, e os contatos entre diferentes povos não se resumiam a guerrear.

    Algumas perguntas:

    1) Vocês sabem dizer se os relatos desses dois autores foram publicados na época em que viveram e se tiveram algum impacto em seus países de origem?

    2) Vocês falam que Odorico fazia parte de uma série de viagens missionárias que eram empreendidas ao Oriente naquele período, que podiam ocorrer porque o Império Mongol era tolerante às diferentes religiões. Sabemos a abrangência ou o nível de sucesso dessa missões? Houve tentativas de converter os próprios líderes mongóis?

    3) Após a morte de Tamerlão em 1405, o Império Mongol não se desintegrou imediatamente. Visto que o falecimento ocorreu pouco depois da visita de González de Clavijo, houve tentativas, dele ou de outros emissários, de estabelecer contatos diplomáticos com os líderes subsequentes?

    4) Quais foram as ações tomadas por Enrique III ao ver fracassar seu plano de contar com o auxílio mongol contra os turcos?

    Agradeço antecipadamente,

    YARA FERNANDA CHIMITE

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    1. Olá, Yara!

      1) O livro de Odorico de Pordenone foi publicado um ano após a morte do franciscano. E seu livro teve grande impacto, não somente em seu pais de origem, mas também em toda a Europa, visto ter sido o terceiro livro de viagem mais difundido em fins da Idade Média, atrás, respectivamente, de Jean de Mandeville e Marco Polo.
      O livro Embaixada a Tamerlão, quando comparado às demais produções do gênero, teve uma baixa difusão. Contudo, após a publicação do manuscrito original, em 1406, houve a impressão da obra em 1582 e em 1782. Também há manuscritos que foram copiados, datados do século XV e XVI. Dessa forma, a partir da observação de que houve a ação de diversos copistas e a impressão da obra, podemos considerar que o interesse em seu conteúdo era amplo, já que, tratava-se de uma viagem ao Oriente, destino incomum para os homens medievais.

      2) Dependendo do que você compreende como “abrangência” e “sucesso”, podemos afirmar sim que sabemos a abrangência e o sucesso dessas missões. Em primeiro lugar, acho importante falar um pouco, mesmo que de forma bem resumida, sobre a abrangência das viagens. Assim, há de certa forma poucos documentos produzidos sobre essas missões missionárias para o Império Mongol. Entre os viajantes que redigiram sobre seus deslocamentos, eu destaco, por exemplo, o primeiro europeu a ir a corte mongol, João de Pian del Carpini, e Guilherme de Rubruck, o qual igualmente rumou para a corte mongol, mas diferente do primeiro, foi enviado por São Luis. Já no século XIV, foram menos viajantes, aonde exalto Odorico de Pordenone.
      Em suma, não teve grande abrangência essas missões a corte mongol, sendo, majoritariamente, duas ordens mendicantes que se deslocaram: franciscanos e dominicanos. Isso não exclui, entretanto, o grande impacto na mudança de mentalidade, causado por essas viagens. A perspectiva geográfica, a relação como “outro”, entre tantas outras coisas, podem ser destacadas como exemplo das modificações causada na Cristandade. E porque não ligar o escrito desses viajantes, e a mentalidade que eles ajudam a formar sobre o Extremo Oriente e riqueza da corte mongol, com a chegada de Cristóvão Colombo na América?
      O ponto que desejo chegar é na pequena abrangência, falando em número, desses deslocamentos, mas o grande impacto na questão da mentalidade.
      O sucesso das missões é pequeno também. Destaco o missionário João de Montecorvino, o qual ruma ao Império Mongol, e segundo seus escritos, converte alguns Tártaros, entretanto, não há uma continuidade na evangelização. Existiam outras vertentes do cristianismo na Corte Mongól, os nestorianos, por exemplo. Mas fato é que com o passar dos anos, a Cristandade vai perdendo o interesse pelos mongóis viventes no Extremo Oriente e na Ásia Central, isso por vários motivos, ligados ao contexto histórico.
      Agora sobre a sua segunda pergunta: “Houve tentativas de converter os próprios lideres mongóis?”. Teve a intenção de converter os lideres mongóis, mas não diretamente uma tentativa. Por exemplo, Niccoló Polo e Maffeo Polo (pai e tio do célebre mercador Marco Polo), depois de alguns anos na corte dos mongóis regressam a Europa com a intenção de levar conhecedores da doutrina Cristã para ensinar ao grande Cã. Enfim, os encarregados da missão não chegam ao destino, e o objetivo é alcançado somente por Marco Polo, seu tio e pai. Os Polos são um exemplo figurativo dessa tentativa, houve interesse, entretanto não tentativas diretas de converter os lideres mongóis.

      Att.
      Sofia Alves Cândido da Silva e Jorge Luiz Voloski

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    2. 3) Não houve tentativas de contato com o império pós-Tamerlão, visto que, Enrique III, o soberano do outro “extremo” da ligação diplomática, faleceu em 1406, logo após o retorno da embaixada e a publicação do primeiro manuscrito. Além disso, as turbulências sociais e políticas, motivadas pelo falecimento de Tamerlão, fizeram com que os embaixadores que estavam na corte do soberano oriental tivessem que voltar para seus reinos de origem. O livro “Embaixada a Tamerlão” nos descreve essa partida e a maneira ágil que ela ocorreu.

      4) Dessa forma, o falecimento do rei de Castela e Leão, em 1406, também interfere nesta pergunta, pois, Enrique III não teve tempo hábil de organizar-se de modo à estabelecer algum tipo de contato diplomático com outros povos, ou até mesmo os mongóis, para auxilia-lo contra os turcos.

      Agrademos as perguntas!

      Att.
      Sofia Alves Cândido da Silva e Jorge Luiz Voloski

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    3. Obrigada pelas respostas. Adorei a pesquisa de vocês e fiquei muito curiosa para ler esses relatos.

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