Ananda Lays Costa Rodrigues e Francisco Lucas Gonçalves dos Reis

 

QUADRINHOS NO ENSINO DE HISTÓRIA: O IRÃ, A REVOLUÇÃO IRANIANA E OUTRAS QUESTÕES A PARTIR DO QUADRINHO PERSÉPOLIS

 

Introdução

Considerando o grande avanço tecnológico e a ampliação de recursos didáticos na sala de aula, as metodologias de ensino vêm se remodelando com o decorrer das gerações, logo, diante dessa novidade foi incluído no campo da História, diversos recursos didáticos que auxiliam no envolvimento do aluno com  o assunto repassado, como: a música, aparatos tecnológicos (slide, celular, computador) a literatura, as histórias em quadrinhos (ou, HQ’s), dentre outros meios. O objeto de pesquisa a ser analisado no presente artigo trata-se das HQ’s no Ensino de História, trazendo a partir do discurso de Persépolis, duas características fundamentais para o ensino básico: uma desconstrução das ideias preestabelecidas sobre o Irã, e as cargas de informações socioculturais que apresenta.

Utilizamos aqui a denominação “história em quadrinhos”, mas vale ressaltar que Persépolis enquadra-se como uma graphic novel (na tradução ‘romance gráfico’), por ser um quadrinho mais longo do que as HQs convencionais geralmente, e por explorar uma trama mais elaborada e personagens mais complexos. O termo graphic novel está associado à Wil Eisner, que utilizou o termo para batizar um de seus quadrinhos, esta expressão ficou conhecida nos Estados Unidos nos anos 80 quando foram produzidas muitas HQ’s autorais no país (FRANCO apud VILELA, 2012, p.54). Eisner publicou um dos primeiros quadrinhos neste estilo, chamado “Um contrato com Deus”.

 

Histórias em quadrinhos: do surgimento no campo da História à recurso didático

A Utilização das HQ’s no campo da História é algo extremamente recente, pois os historiadores e profissionais da educação tinham uma visão minimizada e desprezavam seus fins, tanto como fonte histórica de pesquisa como para propósitos educativos. Desse modo, somente na segunda metade do século XX que houve um processo de repensar esse recurso, na medida que perceberam que não se tratava de um objeto prejudicial para aprendizagem, pois, com a apropriação das HQ’s em pesquisas  e consequentemente a sua aplicação na sala de aula, isso, nos EUA, não demorou muito para essa ideia ser implementada no Brasil. (SILVA e SOUZA, 2018).

As HQ’s, assim como qualquer recurso literário, é uma produção cultural, que por sua vez, possuem historicidade, pois são frutos de seu tempo. Dessa forma, é um objeto histórico, que é tido como um artefato cultural, podendo ser útil para diversos fins, conforme afirma Vilela:

“Poderíamos analisá-la tanto por suas características como objeto (o tipo de papel em que foi impresso, o estado de preservação, a técnica de impressão que foi utilizada, se as páginas estão grampeadas ou coladas, com a lombada quadrada etc.) quanto poderíamos analisá-la pelo seu conteúdo. Faríamos em relação ao seu conteúdo, as mesmas perguntas básicas que faríamos em relação a qualquer outro documento ou fonte histórica. Quem o produziu? Quando? Onde? Como? Com qual finalidade? A quem se destinava?” (VILELA, 2012, p. 90)

Logo, levando em consideração informações como estas, principalmente analisar o período histórico trabalhado e a abordagem do conteúdo, o seu uso passou a ser oficializado entre historiadores, como objeto de pesquisas, recurso metodológico no ensino e por fim, recentemente ocorreu a sua inserção nos livros didáticos.   

As HQ’s foram introduzidas no ambiente escolar brasileiro no final da década de 1970, na medida que foram percebidas como uma fonte rica de transmissão de conteúdo. Em 1980 ganhou mais notoriedade, com quadrinhos didáticos de Mauricio de Souza, Zélia Lopes e Marcos Aurélio Pereira. Em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), elenca a possibilidade e a necessidade de novos meios educacionais no ensino fundamental, porém, somente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS), no ano de 1997, incorporou o uso das histórias em quadrinhos no seio escolar. Um benefício que se refletiu no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que desde então passou a comprar essas obras e disseminar nas escolas de ensino fundamental e médio. Vale ressaltar que somente em 2006 as HQ’s, em formato de tirinhas, passaram a ser implementados no livro didático (LIMA, 2017).

As HQ’s enquanto recurso didático, possuem características que estão para além da rede de informações, é um meio de melhorar a interação entre aluno e o assunto repassado, pois trata-se de trazer algo presente em seu cotidiano, para relacionar com assuntos que aconteceram no passado ou presente, seus elementos de comunicação, sua abordagem simples e cativante, também são pontos relevantes que estimulam a aprendizagem. Conforme menciona Vergueiro:

“Essa  forma  de  linguagem tem  elementos  únicos  como  balões  e  onomatopeias,  além  da interação  com  o  leitor  nas  passagens  dos  quadros,  chamada  de  conclusão  ou  elipse,  na  qual o  leitor  tem  que  concluir  os  acontecimentos  entre  os  quadrinhos,  como  na que  o  leitor  deve  imaginar  o  que  ocorreu [...] a  interligação  entre  texto  e  imagem,  as diversas  informações  de  diversas  áreas  do  conhecimento,  contidas  nos  quadrinhos,  a familiaridade  dos  jovens  com  essa  linguagem,  a  acessibilidade  a  outras  formas  de comunicação,  o  estímulo  ao  hábito  de  leitura,  o  enriquecimento  vocabular,  dado  ao  fácil entendimento  a  sua  leitura,  o  caráter  elíptico  dos  quadrinhos  que  obrigam os  alunos  a pensar,  além  da  possibilidade  de  uso  em  qualquer  faixa  etária  são  apenas  alguns  usos  dessa linguagem no  ensino”. (VERGUEIRO, 2009, p. 35-40 apud SILVA e SOUZA 2018, p. 03).

É a partir de lógicas simples como, ler, observar, pensar e imaginar que as HQ’s se tornam um objeto contendo infinitas faces para seu uso em sala de aula, sobretudo, no ensino de História. Apesar de ter se firmado recentemente no campo historiográfico, trazendo novas formas de fontes e de abordagens, ao reportar no meio educacional, condiciona o aprendizado de eventos históricos de modo didático. É pertinente observar que dentro do próprio campo historiográfico, mesmo após transitar para etapa do ensino, é necessário ter cautela, pois assim como qualquer outra fonte, esta precisa ser analisada e problematizada, visto que deve ser feita a seleção correta de materiais, a análise da história, sua abordagem e seus proveitos no geral, para que se possa evitar o repasse errado de informação e até mesmo o pior pecado que um historiador pode cometer, o anacronismo, da qual seria retratada como uma falha dupla, haja vista que estaria expondo informações inválidas. (LIMA, 2017).

Lima ainda prossegue elencando que as HQ’s são elementos que através da linguagem e dos desenhos, constroem realidades, a partir da imaginação, mas abarcando em seu enredo assuntos socioculturais por exemplo, ora como sendo uma exposição real do passado ou do presente, transformando-se em uma reconstrução de um fato histórico, descrição que se aplica diretamente ao estilo de quadrinho mais longo como Persépolis, entre outros neste estilo. (LIMA, 2017, p. 158) 

 

Persépolis na sala de aula

O quadrinho Persépolis é uma autobiografia de Marjane Satrapi, a primeira iraniana a publicar uma história em quadrinhos, inicialmente publicada em volumes diferentes, sendo que a edição aqui utilizada é aquela lançada pela Companhia das Letras em 2007, e que contém a história em volume único. Com o quadrinho a autora pretendia ilustrar a realidade de seu país e de sua cultura às pessoas com as quais convivia na Europa.  O título da obra faz referência à antiga capital da Pérsia, que fica ao nordeste do que hoje conhecemos como Irã.

Marjane Satrapi nasceu numa família moderna e politizada, e em 1979 assistiu o início da revolução que colocou o Irã sob o regime xiita. De forma que aos dez anos se viu obrigada a usar o véu islâmico numa sala de aula só de meninas. Por ser de família bem instruída, desde pequena teve acesso a informações coerentes e críticas e muitos livros, o que lhe permitiu crescer com um senso de justiça bem apurado e assim desenvolver uma consciência de classe, ponto crucial para sua formação intelectual e a forma que enxerga o mundo. No quadrinho, a autora conta sua história a partir de um relato em primeira pessoa, e narra todas as suas experiências e conflitos ocorridos em seu país, de forma que passamos pela infância, adolescência e vida adulta da autora, todas as fases de sua vida repletas de fatos históricos importantes e acontecimentos marcantes, narrados de maneira leve, direta, clara e com um certo toque de humor sempre que possível.

O quadrinho Persépolis, se apresenta como uma excelente obra para ser lida e trabalhada nas aulas de História no Ensino médio, por ser repleta de possibilidades didáticas que podem ser aplicadas em sala de aula. Uma dessas possibilidades é a realização de debates sobre o contexto social e cultural acerca da sociedade iraniana, uma vez que a obra contempla temas que vão desde a guerra Irã-Iraque, as mulheres e o Islã, a Revolução Iraniana, e até mesmo fundamentalismo religioso e questões de gênero que perpassam a história real da autora. A linguagem da história em quadrinhos (verbal e visual), contando com a forma leve que a autora usa para tratar de temas complexos ajuda a envolver os alunos no contexto, levando-se em conta que este gênero já é conhecido pela maioria dos jovens, onde a maioria já teve contato ou experiência de leitura de algum quadrinho. A aproximação deste quadrinho em específico com os alunos do ensino médio, ainda pode ocorrer devido ao fato da autora também relatar o momento da sua adolescência e início de vida adulta, tratando de assuntos que podem fazer com que todos se identifiquem.

Há ainda a possibilidade de uma atividade interdisciplinar entre disciplinas como história, literatura, sociologia, filosofia e artes, uma vez que ao longo da história surgem diálogos citando alguns teóricos, revolucionários, debates que podem ir para o ramo da sociologia, filosofia entre outros. É importante que o professor ressalte que todos os fatos, tragédias e acontecimentos fizeram parte da história real da autora, uma vez que o quadrinho é uma autobiografia. É possível assim que a leitura e o debate causem uma sensação diferente nos alunos, que comumente leem quadrinhos sobre super-heróis, situados no universo da ficção, onde os personagens sempre resolvem seus conflitos utilizando-se de superpoderes, o que acaba por ser diferente em Persépolis.

O uso da presente obra mostra-se essencial por apresentar aos alunos uma das sociedades cujo contexto envolve uma religião geralmente conhecida pelo fundamentalismo religioso e da relação das mulheres na mesma, sempre vistas como submissas, no entanto, podemos perceber ao longo do quadrinho que Satrapi traz uma visão que contempla outros aspectos não comumente tratados, como o exemplo da personagem questionar algum comportamento obrigatório ás mulheres mesmo em pleno início da Revolução Iraniana, de forma que este e vários outros exemplos ao longo do quadrinho nos mostra que Satrapi desconstrói os estereótipos apresentados pelo senso comum,  que vão desde caras barbudos, fundamentalistas, mulheres completamente cobertas e submissas, guerras e mais guerras, entre outros pontos que se encaixam naquilo que Edward Said (2007) chamou de orientalismo, em que o ponto de vista ocidental define o Oriente como um outro, quase sempre dominado e subalterno.

Satrapi contribui assim ao trazer uma nova perspectiva sobre temas muitas vezes incompreendidos no Ocidente, desde a situação política do Irã, a identidade iraniana e também acerca do islamismo. Sobre este último ponto, Regiani e Medeiros ressaltam:

“A ideia de um atraso das nações e povos islâmicos convergem para uma hierarquização do imaginário social norte-americano na produção de estereótipos sobre a cultura islâmica. Bem como, esta compreensão ilustra também como é apreendida o islamismo no Brasil. Diversos livros didáticos brasileiros incorrem no mesmo erro ao estigmatizar a dita ‘civilização árabe-muçulmana’ negando uma ‘contemporaneidade’ no passado e no presente”. (REGIANI e MEDEIROS, 2019, p.28).

Dentre os temas trabalhados em Persépolis temos a Revolução Iraniana, de 1979, também chamada de Revolução Islâmica, momento em que o Aiatolá Khomeini derruba o Xá Reza Pahlevi, e é instaurada no país a República Islâmica (momento que faz com que Marjane saia do país, e ao longo da história a personagem vai transitar entre Oriente e Ocidente, ponto que pode ser utilizado para se discutir sobre identidade e sentimento de pertencimento). É um acontecimento crucial na história do Irã, e pode-se discutir com os alunos as formas de governo, a questão das liberdades individuais e o controle que o Estado consegue exercer sobre os indivíduos, uma vez que política e religião se confundem, e as leis se confundem com os preceitos da religião, levando a discussão para uma direção do que seria o fundamentalismo religioso. Neste ponto, é importante que o Professor ressalte que em todas as religiões possuem diferenças e há também os radicais ou fundamentalistas, e que isso não acontece só no Islã, o que ajuda a passar uma visão diferente para os alunos, aquela da compreensão de uma crença diferente da sua.

Outro ponto que pode ser abordado a partir da obra é a questão dos refugiados, fato que comumente é mostrado na tv. Marjane ao voltar da Áustria, passa por um momento complicado, uma vez que adquiriu “hábitos ocidentais” e que em seu país de origem a fez se sentir diferente dos demais, da mesma forma quando seus pais a enviaram para Áustria, as diferenças culturais a fizeram vivenciar experiências marcantes em sua vida, alguns marcados pelo preconceito pelo fato da mesma ser iraniana (em certo ponto Marjane chega a negar ser iraniana, e se diz francesa). É importante que seja discutido este aspecto, pois os refugiados além dos preconceitos que sofrem por fugirem de realidades ou contextos que muitas vezes estão associados ao terrorismo ou algo visto como ruim ou perigoso, ainda passam pela dificuldade de adaptação, em relação ao idioma que precisam aprender, onde até mesmo seus comportamentos já não podem ser os mesmos, uma vez que por estão em ambientes completamente diferentes, onde a ideologia assim como toda a cultura da nova realidade parecem muito distantes.

O quadrinho ainda abre possibilidades para discussão á respeitos de outros pontos, tais como: o papel do Irã na geopolítica atual, as mulheres na sociedade iraniana, as questões de gênero e as mulheres no Islã, os aspectos culturais, a questão das liberdades individuais, a situação dos refugiados e a questão da identidade, a Revolução Islâmica, entre outros. Considerando a quantidade de aulas por semana, e levando-se em conta que o quadrinho é longo, o Professor pode sugerir que todos leiam a obra em casa, e enquanto não concluem a leitura do mesmo, pode-se trabalhar com tais assuntos a partir do que aparece no livro didático, acompanhado de textos complementares. Terminada a leitura, o Professor pode dividir o debate por grupos, cada um responsável por uma das temáticas citadas anteriormente.

Em relação ao Islã e o comportamento das mulheres, assim como a vestimenta, é algo que se faz presente desde o início do quadrinho, quando Marjane, assim como as outras crianças não entendem o porquê do uso do véu, de forma que ao longo da história a personagem chega a questionar o porquê de alguns comportamentos e vestimentas das mulheres, sendo suas atitudes vistas como feministas se olharmos à luz das discussões atuais. Isto abre a possibilidade para uma discussão a respeito da obrigatoriedade ou não do uso do véu em diferentes países, o que levará os alunos ao conhecimento das diferenças dentro da religião, e que por estarem cobertas, não significa necessariamente submissão. É importante que o Professor destaque por exemplo a existência de movimentos feministas islâmicos.

Outra característica deste quadrinho é que está todo em preto e branco, o que ajuda nos momentos pesados da história, quando da morte de alguém ou algum momento triste, pois o clima apenas em preto e branco ajuda a manter um ritmo de leitura ao longo da história, e a atenção do leitor não fica presa neste ou naquele detalhe por estar colorido ou devido á determinado efeito, o preto e branco faz com que a escrita e as imagens recebam a mesma atenção. Além disso, dentro do quadrinho não aparece somente a fala dos personagens, há também os espaços em que a autora conversa com o leitor na medida em que tudo acontece, colocando as memórias que tem daqueles acontecimentos, o que nos faz perceber que ao longo da história ficamos cada vez mais próximos da autora e também do Irã.

 

Conclusão

Reconhecemos que a metodologia aqui posposta, que utiliza do quadrinho nas aulas de História, e utilizando em especial o quadrinho Persépolis não abarca o Oriente como um todo, mas ajuda a discutir, debater e refletir sobre questões da sociedade iraniana, e que apresenta um quadro semelhante em outras regiões, principalmente quando se trata da religião e as mulheres, das guerras, ou do fundamentalismo religioso, e objetivam educar o olhar dos alunos para que ao se depararem com os constantes conflitos mostrados na tv, entendam o contexto, as diferenças, e não reproduzam preconceitos.

Sem exagero algum, uma obra como Persépolis, é extremamente importante e urgente que seja trabalhada em sala de aula, ao considerarmos o aumento das tensões entre EUA e Irã causada pelo assassinato do general Qassim Soleimani morto em ataque aéreo dos EUA em Bagdá no início deste ano. Infelizmente tal acontecimento só fez com que todos os olhares se voltassem para a região, buscando fazer análises do contexto, e os julgamentos precitados surgiram aos montes sempre desconsiderando a história do Irã. Daí a importância de levar a obra para a sala de aula, com o objetivo de fazer com que os alunos entendam as questões envolvidas e possam entender muitos aspectos do Irã de hoje, sua participação na geopolítica atual, sua religião, as diferenças internas, entre outros pontos.

Com a leitura deste quadrinho, e com as dicas dadas neste texto, objetivamos que o Professor consiga mostrar aos alunos outra forma de fazer e de compreender a história, que falam e contemplam outros sujeitos, história que vai além do homem ocidental, branco, dito “civilizado”, e cristão. Persépolis além de abordar fatos históricos a respeito da sociedade iraniana, trata de temas que, se bem trabalhados em sala de aula, podem contribuir para a diminuição dos preconceitos, a partir do conhecimento e da compreensão de uma realidade diferente da sua, ajudando assim na compreensão, respeito e aceitação das alteridades.

 

Referências

Ananda Lays Costa Rodrigues é Graduanda do Curso de História – Licenciatura, da Universidade Estadual do Maranhão, campus Caxias (CESC-UEMA).

Email: nandalays10@gmail.com.

Francisco Lucas Gonçalves dos Reis é Graduando do Curso de História – Licenciatura, da Universidade Estadual do Maranhão, campus Caxias (CESC-UEMA). Email: franciscolucas075@gmail.com.

LIMA, Douglas Mota Xavier de. História em quadrinhos e ensino de História. Revista História Hoje, v. 6, nº 11, p. 147-171, 2017. Disponível em: < https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/view/332>. Acesso em: 21.08.2020

REGIANI, Álvaro Ribeiro; MEDEIROS, Kenia Erica Gusmão. O uso de quadrinhos no ensino de História: discussão sobre as representações da tradição e da modernidade na cultura islâmica a partir do graphic novel Habibi. In: BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton; NETO, José Maria de Sousa [orgs.] Oriente Médio Conectado. Rio de Janeiro: Edições Especiais Sobre Ontens, 2019. p. (23-34). ISBN: 978-85-65996-75-4. Disponível em:

<https://drive.google.com/file/d/1xQWLHL7N0-y6-HsWIG7WS4eMLLJyT2Ks/view>. Acesso em: 14.08.2020.

SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SATRAPI, Marjane. Persépolis. Trad. Paulo Werneck. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SILVA, André Luiz Sousa da; SOUSA, Mateus Sampaio de. Era uma vez... HQ: História em quadrinhos construindo conhecimento histórico no ensino fundamental. Disponível em:

<http://www2.eca.usp.br/jornadas/anais/5asjornadas/q_educacao/mateus_andre.pdf> Acesso em: 15.08.2020.

VILELA, Marcos Túlio R. A utilização dos quadrinhos no ensino de História: avanços, desafios e limites. 322f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo, 2012. Disponível em: <http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/971/1/Marco%20Tulio%20pag%201_100.pdf>. Acesso em: 15.08.2020.

22 comentários:

  1. Muito interessante sua proposta de trabalho, bem como as considerações apresentadas. O uso de HQs em sala de aula possibilita muitos debates e perspectivas diferentes sobre o ensino de História. Meu questionamento é o seguinte: considerando que a obra “Persépolis” perpassa vários elementos culturais e espaciais, em que contexto de conteúdo das aulas de História vocês sugerem o trabalho com essa obra?
    Agradeço a atenção.
    Atenciosamente Sandiara Daíse Rosanelli

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  2. Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelo texto e pela proposta de analisar Histórias em Quadrinhos em sala de aula. Sou professor de História do Ensino Fundamental, séries finais. Nos últimos anos venho me aventurando em utilizar e inserir as Histórias em Quadrinhos (incluindo nestas o mangá) na sala de aula. Pergunto para vocês se a HQ Persépolis, além de todas as abordagens já abordadas no texto de vocês, não seria uma obra que poderia ser utilizada para refletir sobre a produção das histórias de vida, mais especificamente, biografias, não aquelas escrita de si de antes, dos grandes heróis, mas esta biografia que foi renovada pela historiografia. Nestes sujeitos comuns que tornam-se extraordinários e que vivenciaram contextos marcantes da História. Um história de si inserida num contexto amplo, mas que tem esse olhar do subjetivo e no caso específico da HQ Persépolis ser a personagem feminina. Novamente parabéns pelo trabalho apresentado.

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    1. É uma honra receber elogios de você, Professor Fabian! Você disse tudo em seu comentário, a autobiografia de Marjane Satrapi se mostra como essa outra forma da escrita de si, uma personagem feminina que viveu contextos marcantes. Interessante a trajetória da personagem desde criança até sua vida adulta, tudo o que ela passou, e lembrar que é realmente a história de uma pessoa. O que apontou sobre a obra servir como reflexão para a produção de histórias de vida, é interessante, precisamos portanto pensar numa metodologia para isso, e assim aplicar no Ensino fundamental. Uma atividade assim passa outra visão aos alunos, que geralmente conhecem HQ's de personagens com super poderes, o que é diferente em Persépolis.

      Atenciosamente;
      Ananda Lays Costa Rodrigues
      Francisco Lucas Gonçalves dos Reis

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    2. Olá.
      Eu é que agradeço pela oportunidade do debate e pelas trocas de conhecimentos. Abraço e muito sucesso para vocês.

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  3. Muito interessante o trabalho de vocês, realmente o HQ "Persépolis", traz para o campo da história uma nova visão dos acontecimentos ocorridos. A enfâse que vocês pontuaram também, sobre a importante dos professores (as) utilizarem esse meio comunicativo em sala de aula, sem dúvidas foi um dos pontos importantes da pesquisa de vocês. Meus parabéns!

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    1. Obrigado, Amanda Santos! Feliz por ter lido nosso trabalho. A ênfase dada á utilização da História em quadrinhos, mas em especial HQ's que tratem de contextos e tramas que contemplam variados aspectos á serem trabalhados em sala de aula, como é o caso de Persépolis. Não basta trazer ferramentas novas, é preciso saber quais ferramentas e a metodologia que melhor possa ser aplicada.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Boa noite.
    Parabéns pelo trabalho. Tive o prazer de conhecer essa obra em uma das aulas de História Oriental na faculdade. Achei muito interessante a forma que é abordado esse período histórico e também as possibilidades de trabalho em sala de aula. Sou apaixonada pelo universo HQ. Gostaria de saber se além da Persépolis, vocês conhecem outra história em quadrinho que aborde História Oriental?
    Att. Patrícia Vieira

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    1. Boa noite, Patrícia Vieira! Feliz por ter lido nosso trabalho! O graphic novel Habibi, pode ser uma boa sugestão para àqueles interessados, em saber mais sobre a origem do Islamismo, suas tradições, e aspectos culturais. A leitura torna-se interessante ao salutar críticas reflexivas sobre a sociedade fictícia mais ao mesmo tempo real, assim como, por ser um drama e romance, traz pautas pertinentes sobre o amor e a religião naquele espaço. Além deste, o Oriente nas páginas das Histórias em Quadrinhos pode ser visto em: “Gandhi, uma biografia em mangá”, “Dalai Lama, uma biografia em mangá” e “A história de Buda em mangá”, "Mestres do Oriente: histórias de ética e sabedoria em mangá", “Hiroshima, a cidade da calmaria”, “Uma vida chinesa, história da China de Mao Tsé-Tung até os dias de hoje”, são histórias que retratam as questões políticas e geopolíticas, assim como cultural.

      Atenciosamente;
      ANANDA LAYS COSTA RODRIGUES
      FRANCISCO LUCAS GONÇALVES DOS REIS

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  6. Boa Noite, Parabéns pelo trabalho. Muito relevante as conclusões sobre a urgência da utilização desta obra no contexto escolar. Gostaria de perguntar como abordar as questões que a obra aponta sobre fundamentalismo religioso, sem que o aluno interprete a violência e as violações de direitos humanos da revolução com o xiismo como a ala mais "radical" do Islã?
    Att. Gabriela Lima Caixeta de Deus

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    1. Bom dia, Gabriela Lima! Feliz por ter lido nosso trabalho. A leitura da obra assim como o desenvolvimento de atividades relacionadas á mesma levará o aluno á conhecer estes aspectos sobre a religião, e consequentemente os alunos apresentarão seus questionamentos e interpretações, mas como apontamos em nosso texto, o Professor deve conduzir as discussões e mostrar de fato todos os pontos, e nesta questão do fundamentalismo religioso, o indicado foi que o Professor ressalte que isto não é exclusivo do Islã, o objetivo não é passar uma imagem positivada da religião, como se não houvessem aspectos a serem questionados, mas fazer com que os alunos percebam que além da imagem do senso comum, geralmente mostrada na tv, existem também as diferenças internas, e que não tenham uma imagem horrível da religião. Este é apenas um dos pontos a serem trabalhados, e o Professor pode buscar materiais complementares, com o objetivo de que os alunos entendam o contexto sem ter uma visão limitada.

      Atenciosamente;
      Ananda Lays Costa Rodrigues
      Francisco Lucas Gonçalves dos Reis

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  7. Olá,

    Gostaria primeiro de parabenizar os autores pelo excelente texto!!
    Tive a oportunidade de conhecer essa obra na Universidade, fantástica ela sem sombra de duvidas! Não sei se é do conhecimento de vocês, mas existe uma adaptação da obra para um longa metragem. Faço aqui duas colocações, a primeira se não poderia estar fazendo o uso do filme como complemento, ou mesmo, substituindo na sala de aula.

    Atenciosamente;
    Pablo Afonso Silva.

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    1. Obrigado pelo comentário, Pablo! Feliz por ter lido nosso trabalho.
      Sim, conhecemos a adaptação, optamos pela HQ mesmo, pois ao assistir percebemos que alguns pontos não são trabalhados na animação. Pode servir sim como complemento, porém sugerimos que seja feita após a leitura, ou durante a mesma para que os alunos compreendam. Se feita a substituição, que o Professor contextualize antes.

      Atenciosamente;
      Ananda Lays Costa Rodrigues
      Francisco Lucas Gonçalves dos Reis

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  8. Parabéns pelo texto de vocês! Vocês falaram sobre a questão do feminismo islâmico: podem indicar alguma outra obra que trabalhe mais especificamente esse tema?

    Att,
    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Obrigada, Ana Paula! Infelizmente não temos conhecimentos de muitas obras que trabalhem especificamente sobre o Feminismo Islâmico, isso ocorre em razão do limitado número de obras traduzidas, comumente os artigos e estudos direcionados, não são escritos por quem de fato participa e entende a cultura oriental. Fora Persepólis, há também o livro de Cila Lima, Feminismo islâmico: Mediações discursivas e limites práticos.

      Att.
      Ananda Lays e Francisco Lucas

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  9. Boa-tarde, Ananda e Francisco!!! Fico feliz em saber que no meio de tantos artigos desse simpósio, encontro um genuinamente nordestino! Talvez tenham outros, mas me identifiquei nesse! Como baiana da cidade de Itiúba, estou radiante de saber que nossa gente escreve também e muito! Eu também escrevo, mas dessa vez não pude! Quanto aos quadrinhos, uso bastante em História, desde 2001 nos Anos Finais. Os alunos, tanto produzem gibi como fotonovela .Acho um recurso magnífico porque envolve outras áreas do conhecimento. O Maurício de Souza é mesmo um grande inspirador. Sua obra (O Piteco) é um exemplo! Tem Laílson de Holanda com (Pindorama, a outra História do Brasil)...bacana para lecionar e fazer releituras! Quanto ao romance gráfico PERSEPÓLIS, eu não conhecia. E noto ser muito bom, pois enfatiza trabalhar o FUNDAMENTALISMO, A SOLIDARIEDADE AOS REFUGIADOS, VÍTIMAS DO CAPITALISMO SELVAGEM, AS DIFERENÇAS ENTRE ISLAMISMO E O EI/ ESTADO ISLÂMICO,O RESPEITO ÀS CULTURAS,POR EXEMPLO, MALALA,ATIVISTA PAQUISTANESA É UM GRANDE ESPELHO DE TUDO ISSO! INFELIZMENTE,O PRECONCEITO AOS ORIENTAIS VOLTOU A AFLORAR,TODAVIA,VAMOS ACREDITAR QUE NÓS EDUCADORES PODEMOS FAZER ALGO...COMO DIZ A ESCRITORA NIGERIANA,CHIMAMANDA ADICHIE: "HÁ O PERIGO DA HISTÓRIA ÚNICA"...JUSTO PORQUE AINDA FALTAM LEITURA E RELEITURA DE MUNDO E RECONHECIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DE CADA UM NESTA CASA COMUM...O PLANETA! ABRAÇO VIRTUAL! SUCESSOS NO CURSO DE HISTÓRIA!

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    1. Oi Ivanize, muito nos honra seu comentário! Feliz por ter lido nosso trabalho. E sim, nossa gente escreve e escreve muito bem. Você tem experiência do uso de HQ´s em sua prática de ensino, que Persépolis seja mais uma obra trabalhada por você juntamente com os alunos e que as temáticas possíveis sejam trabalhadas.

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  10. Ananda e Francisco, Parabéns pelo texto!
    Sou fã do livro Persépolis e inclusive usei a obra para trabalhar com o 9° ano na disciplina de Geografia, o conteúdo "Oriente Médio".
    Na visão de vocês, o livro traz espaço para essa interdisciplinaridade?
    Se sim, quais caminhos tomar?
    Eu por exemplo pedi que os alunos analisassem pela obra a cultura, política e sociedade da época, para compreender a situação do Irã.
    Mais uma vez, Parabéns!

    Marcos de Araújo Oliveira- UPE

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    1. Olá, Profº Marcos Araújo! Apesar de Persépolis neste trabalho ser abordado no campo da História, ademais, ainda há diversas possibilidades de seu uso na sala de aula, assim como, a pluralidade interdisciplinar de aplicabilidade, seja no ensino de Geografia, História, Sociologia, por exemplo. O seu uso a partir do ponto de vista geográfico, pode ser trabalhado também com a mediação de materiais complementares cartográficos ao tratar da divisão do Ocidente e Oriente, por exemplo. Da qual é perceptível na obra, também pode problematizar o que há de diferente entre o país de Marjane e os demais da Europa, que ela acaba indo, tal como, o choque cultural que a mesma sofre. São questões geopolíticas do espaço.

      Att. Ananda Lays e Francisco Lucas

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  11. Olá, Ananda e Francisco Lucas!

    “As HQ’s, assim como qualquer recurso literário, é uma produção cultural, que por sua vez, possuem historicidade, pois são frutos de seu tempo. Dessa forma, é um objeto histórico, que é tido como um artefato cultural, podendo ser útil para diversos fins...”

    Nas salas de aula se sente a “urgência” de propostas inovadoras para o ensino-aprendizagem. As histórias em quadrinhos pensadas como “objeto histórico”, é algo fascinante. Então, pergunto: Como conseguir envolver os responsáveis pelo ensino-aprendizagem nessas “novas linguagens de ensino”? Como poderíamos empolgar os professores a se valerem das HQs como algo inovador nas salas de aula?

    Obrigada e parabéns pelo texto.
    Celiana Maria da Silva.

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    1. Olá, Celiana Maria! Bom, por mais que a proposta seja a de facilitar o processo de ensino-aprendizagem, acreditamos que é provável que até mesmo um professor extremamente tradicional possa aplicar essa metodologia, isso vai depender das pretensões de cada docente. É necessário ter tido uma boa capacitação e saber a relevância das Hq's no ensino, compreender que o quadrinho pode sim ser utilizado enquanto recurso didático, conhecê-los é imprescindível, o incentivo de seu uso por outros profissionais e por fim perceber que é necessário inovar no cenário educacional. No mais, todo professor que tiver a intenção de propiciar um ensino dinâmico, eficiente, e novos meios para trabalhar, terá como opção a utilização das HQ's enquanto recurso didático. Afinal, propõe o envolvimento do aluno, incentiva a leitura e auxilia também no processo de interpretação.

      Att. Ananda Lays e Francisco Lucas.

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